Apertem os cintos, pois um grande sucesso está de volta aos palcos de São Paulo. A nova temporada da comédia interativa “AirFly”, que já teve Marcelo Médici no elenco, está em cartaz no Teatro Bibi Ferreira por um curto período que, a princípio, vai até o final de junho. Com texto e direção de Octávio Mendes, a peça possui uma proposta diferente e já começa antes mesmo de o público entrar no teatro. “É um espetáculo totalmente interativo onde transformamos o saguão do teatro em um balcão de atendimento. O ingresso da pessoa, por exemplo, vira uma passagem aérea, ela tem que fazer o check-in para entrar no teatro e esperar na fila de embarque, ou seja, o espetáculo já começa no saguão. O teatro vira o avião e, na peça, as aeromoças interagem com os "passageiros" [o público] que estão "voando" pela AirFly, uma companhia aérea falida”, explicou o ator Pedro Fabrini, intérprete de uma das comissárias de bordo, em entrevista à Jovem Pan.
O artista encara o desafio de se apresentar em um espetáculo cheio de improvisos ao lado de Diego Becker, Paulo de Almeida e Octávio Mendes, que também é o autor do texto e diretor da peça. A ideia de montar um espetáculo nesse formato surgiu nos bastidores de “O Médico e o Monstro”, em 1994. “A peça era dirigida pelo Marco Nanini e um dia, brincando no camarim, fingi ser uma aeromoça que estava servindo algo para ele. Quando cheguei em casa, pensei que seria legal montar uma peça explorando esse universo. Desde o começo, minha ideia foi fazer o público interagir e brincar de verdade com os atores. Chamei alguns amigos bons no improviso e falei que minha ideia era transformar o teatro em um aeroporto”, contou Octávio. O projeto deu certo, e o espetáculo já teve seis montagens de sucesso, a primeira já no ano de 1994. “Fazíamos temporadas longas, que começavam em outubro e terminavam em março do ano seguinte.”
Ao longo dos anos e das montagens, a essência de “AirFly” continuou intacta, mas o espetáculo precisou sofrer alterações para causar identificação no público. “O que sempre se manteve foi o roteiro, que se passa em um voo, mas as razões que levam as pessoas a interagirem com as aeromoças foi mudando. Essa é uma peça que nunca teve muito ensaio, deixamos as portas abertas para que as pessoas se divertissem com o improviso. Quando fiz o roteiro, eu deixei algumas cenas prontas caso a plateia não respondesse, mas o público sempre interagiu”, afirmou o criador da peça. Em cena, o grande desafio dos atores é, segundo Pedro, não saber o que vem pela frente, pois tudo depende da resposta da plateia. “Não é totalmente no improviso, existe um roteiro, um texto, mas a interação com o público é fundamental e nunca sabemos o que vamos receber nessa troca. As pessoas vão para se divertir, mas a gente também acaba se divertindo junto com elas”, pontuou o artista.
Para garantir boas risadas do público sem constrangimentos, os atores buscam deixar seus “passageiros” confortáveis. “Fazemos um humor inteligente e que respeita as pessoas que estão ali nos assistindo. Nosso intuito é rir junto com o público e não rir do público. Existem espetáculos que o humorista escolhe uma pessoa como "vítima" e passa a peça inteira fazendo piadas sobre ela, mas essa não é a nossa intenção. Queremos que as pessoas entrem na nossa brincadeira e se sintam em um avião”, explicou Pedro. A peça retorna em um momento especial para os atores, que passaram cerca de dois anos longe dos palcos por causa da pandemia. “É incrível poder estar de volta com a plateia. Inclusive, esse foi um dos motivos que fez a gente remontar o "AirFly", pois é uma peça que nos deixa próximos do público. É incrível ver o teatro cheio e ver as pessoas se divertindo. A sensação que temos é de alívio, pois estamos fazendo o que amamos”, concluiu o ator.