Este texto, que é escrito em primeira e terceira pessoa do singular, se trata de uma homenagem ao Professor André Silvério da Cruz (mesmo primeiro nome que o meu), Faculdade Pitágoras de Teixeira de Freitas-BA...
Por uma questão ética, assim como não gerar questões aversivas a mim, escreví esta homenagem depois que eu soube das minhas notas das duas disciplinas do docente homenageado.
Já sou psicanalista há mais de 9 anos, mais de 25 anos de docência, incluindo os Ensinos Fundamental 2, Médio, além de Nível Superior. Há dois anos passados, aproximadamente, pensei em cursar Psicologia para me atualizar e aumentar as minhas chances no mercado dessa área. Mas pensava em minha idade (51 anos) e no meu futebol.
_ Já tenho uma vida estabilizada. Será que vai valer à pena, fazer o terceiro curso e ir à faculdade por mais 5 anos?
_ Jogo bola às segundas, quintas e sábados. Será que vale à pena abandonar o futebol que ocorre nos dias úteis?
Finalmente, no segundo semestre de 2018, decidir estudar Psicologia na Pitágoras. O futebol de quinta foi encerrado. Vamos ver se eu vou continuar no de segunda em 2019! O de sábado, não interferiu em nada.
Na primeira aula do Professor André Silvério da Cruz, que leciona "Psicologia Social" e "Análise Experimental do Comportamento", o citado, que também é psicólogo, se revelou um docente enstusiasmado pela profissão.
Na maioria das vezes, ele comparecia com uma "roupa básica", usando um tipo de sandália. "Falei" para mim mesmo:
_ Esse professor é honesto com ele mesmo. E tem que ser, mesmo, para usar sandália numa faculdade, sendo um docente.
O perguntei se tinha sido hippie. Ele falou que não. Dias depois ele comentou para todos que tinha sido franciscano. Dai, talvez o motivo do "chinelo". Pensei!
Em certos dias ao explicar os assuntos, houve diversos questionamentos de alunos com posições "conservadoras". Ele falava, além de outras coisas, "aqui é ciência". Ou seja, queria afirmar que aquilo que explicava era baseado em fatos (empiricidade), não em juízos de valores.
Ao longo do tempo, fui me empolgando pelas aulas dele. Quando começava a lecionar, parecia que era outra pessoa. Era (e é) "apaixonado" pelo que faz. Alem disso, se importava se um aluno estava ou não prestando atenção. Apenas os docentes comprometidos (exceto os professores com patologias...) "esquentam a cabeça" com a indisciplina dos alunos, que afeta a aprendizagem.
Em 23/11 assistia sua aula de "Análise Experimental do Comportamento", onde ensinava o conteúdo, "Comportamento Operante" (Behaviorismo), que abordava também formas de controle. Chorei em sala aula. Ninguém percebeu, pois o óculos dificultaram a visualização das lágrimas. Me perguntei o motivo da emocção! Interpretei (pode existir outras) que que foi por causa de como ele se entusiasmava ao explicar o assunto. Ou seja, quando eu dou aula também me entusiamo na maioria das vezes. Talvez eu tenha me identificado com isso, que foi o estopim para que eu tomasse a decisão de homenageá-lo.
Outro motivo para esta homenagem foi o fato de ele realizar provas com questões discursivas com uma turma com 90 alunos, aproximadamente. Tem que ser um professor "honesto" para fazer isso. Querer analisar a construção textual de uma quantidade enorme de discentes é muito trabalhoso. Imagine em diversas salas?.
Além de outras provas, em 26/11, em "Psicologia Social", ele aplicou uma avaliação com duas questões. No mínimo, cada pergunta teria que ser respondida em uma página, que, aproximadamente cabe 30 linhas. Imaginemos apenas essa quantidade mínima: Se 90 alunos responderem 2 questões em 60 linhas, resultará em 5.400"carreiras" de vocábulos. Estes possuem significados e diversos tipos de caligrafias. É muito desgastante. Além disso, questões discursivas podem gerar mais questionamentos por parte dos discentes que discordam da interpretação do professor. "É muita coragem"! Apenas os professores "apaixonados" e comprometidos... fazem isso.
Portanto, eu, aos 51 anos de idade, depois de certa experíência acadêmica e profissional, me entusiasmar com aulas de um docente é uma "injeção na razão e na emoção. Parabéns, Professor André Silvério da Cruz por ser um professor "apaixonado" e dedicado à profissão! Em sua homenagem, termino este texto com um poema de teor fransciscano.
Poema da Missão
Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si,
quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu.
É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fossemos
o centro do mundo e da vida.
É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos:
A humanidade é maior.
Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros.
É sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los.
E, se para descobri-los e amá-los, é preciso atravessar os mares
e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo.
Dom Hélder Câmara
Fonte: http://www.franciscanasdoamparo.org.br/?p=744
Por André Luiz Alves de Souza
Psicanalista (Atendimento: 73 3294.3505; 99973.6482).
Professor concursado.
Psicopedagogo.
Licenciado em Filosofia; bacharelado em Filosofia (3 matérias trancadas).
Formação Clinica em Psicanálise.
Pós-graduado em Psicopedagogia.
Professor convidado de faculdades.
Licenciatura incompleta em Matemática.
Acadêmico de Psicologia da Faculdade Pitágoras.
Críticas, sugestões de temas, títulos e assuntos: [email protected]