Com apenas quatro meses de temporada, a quantidade de treinadores que perderam seus cargos no futebol brasileiro assusta. O último a ser a demitido foi Fábio Carille, que deixou o Athletico-PR após 21 dias de trabalho e sete jogos à frente do Furacão. Contabilizando apenas os clubes que integram a elite do Campeonato Brasileiro, apenas oito ainda não trocaram de comando em 2022: Palmeiras, Flamengo, Atlético-MG, Red Bull Bragantino, São Paulo, Coritiba, Cuiabá e Fortaleza. A tendência, assim, reforça o levantamento do Centro Internacional de Estudos do Esporte (CIES), que apontou, em relatório divulgado em março, que o Brasil está entre os países que mais trocam de treinadores do planeta.
De acordo com a pesquisa do CIES, que computou dados de 126 ligas ao redor do mundo, segunda divisão do Brasileiro é a sétima que menos dá tempo de trabalho aos treinadores (104 dias de média), enquanto a Série A é a nona (120 dias). Com o fim da regra criada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que limitava a troca de treinadores, a expectativa é que o país suba no ranking. Na temporada passada, com a norma em vigor, o Brasileirão 2021 foi o que teve menor “dança das cadeiras” dos últimos nove anos. Abaixo, veja quais times demitiram treinadores em 2022.
O Timão foi o primeiro time da elite do futebol nacional a trocar de técnico na temporada. No dia 3 de fevereiro de 2022, após a derrota para o Santos, pela terceira rodada da fase de grupos do Campeonato Paulista, a diretoria encabeçada por Duílio Monteiro Alves resolveu demitir Sylvinho — o treinador estava pressionado desde a temporada passada. Vinte dias depois, o clube do Parque São Jorge anunciou o português Vitor Pereira como substituto, voltando a ter um estrangeiro no comando depois de 17 anos.
Campeão Catarinense em 2021 e responsável por recolocar o Avaí na Série A do Brasileirão, Claudinei Oliveira foi demitido pela diretoria em 6 de fevereiro deste ano. Mesmo com números impressionantes no Leão da Ilha, o técnico foi desligado do clube após um início ruim no Estadual, quando conseguiu uma vitória nas seis rodadas iniciais. Após sondar Alex, comandante do sub-20 do São Paulo, a agremiação de Santa Catarina fechou com Eduardo Barroca.
Da lista de clubes que mudaram de comando, o Atlético-GO foi o único que não rompeu com seu treinador. No dia 7 de fevereiro, Marcelo Cabo surpreendeu ao pedir para sair do Dragão. Quinze dias depois, a diretoria goianiense foi atrás de Umberto Louzer, que no Campeonato Brasileiro passado dirigiu o Sport
Mesmo após conseguir o título da Série B do Brasileirão na temporada passada, o técnico Enderson Moreira deixou o Botafogo no dia 11 de fevereiro. A saída do treinador fez parte do novo modelo de gestão do Glorioso, que tornou-se um clube empresa e foi adquirido pelo empresário norte-americano John Textor. Assim, o português Luís Castro, que estava no Al Duhail (Catar), foi chamado para liderar a equipe nesta nova fase.
No mesmo dia, no Rio Grande do Sul, Jair Ventura foi desligado pela diretoria do Juventude por não conseguir bons resultados no Campeonato Gaúcho. Em cinco partidas à frente do time, o filho de Jairzinho não conseguiu vitória e deixou a equipe na vice-lanterna do Estadual. Eduardo Baptista, que fazia bom trabalho no Mirassol, foi chamado para ocupar o posto.
Contratado no fim de 2021 com a missão de “apagar o incêndio” e livrar o Santos do rebaixamento, Fábio Carille cumpriu com as expectativas. O jovem técnico, entretanto, foi desligado pela diretoria santista no último dia 18 de fevereiro, após um início ruim no Campeonato Paulista. O argentino Fabián Bustos foi chamado para ocupar seu posto.
Outro clube que subiu para a elite do nacional e trocou de treinador foi o Goiás. Em 25 de março, Bruno Pivetti disse que foi surpreendido pela diretoria ao ser comunicado que estava demitido, tendo apenas sete jogos à frente do time esmeraldino. Atualmente, Glauber Ramos treina o conjunto goiano.
No mesmo dia em que Bruno Pivetti deixava o Goiás, o treinador Tiago Nunes também foi demitido pela diretoria do Ceará. Sem fazer o Vozão emplacar, o profissional perdeu o cargo após a eliminação na Copa do Nordeste para o CRB. Três dias depois, Dorival Júnior foi anunciado como novo comandante da equipe.
O Athletico-PR foi o time da Série A que mais trocou de comando em 2022. Depois de ganhar a Copa Sul-Americana, o clube deu mais oportunidades ao treinador Alberto Valentim. Ele, no entanto, não conseguiu levar o Furacão até a final do Estadual e viu o ciclo na Arena da Baixada acabar com uma derrota para o São Paulo, na primeira rodada do Brasileirão, no dia 10 abril. Para o seu lugar, Fábio Carille foi chamado reabilitar a equipe no Nacional e também na Libertadores. Em apenas sete partidas, ele foi demitido, contabilizando três vitórias e quatro derrotas. Agora, Luiz Felipe Scolari assume a equipe paranaense, tentado estabilizar o time para o restante da temporada.
Quem também foi “vítima” de uma derrota na primeira rodada do Brasileirão 2022 foi Marquinhos Santos. Após a derrota do América-MG para o Avaí, no dia 11 de abril, a diretoria do Coelho decidiu demitir o treinador, que colocou o clube na Copa Libertadores da América pela primeira vez em sua história. Velho conhecido da torcida, Vagner Mancini foi chamado para substituir Marquinhos.
A passagem de Alexander Medina pelo Internacional também durou pouco. Contratado no início da temporada, o uruguaio teve um início terrível, caindo na semifinal do Gaúcho para o rival Grêmio e acumulando resultados ruins na Copa Sul-Americana e no Brasileirão. Sem fazer o time evoluir, o “Cacique” foi demitido no dia 15 do mês passado. Recentemente, Mano Menezes foi anunciado como novo comandante do Colorado.
Um dos maiores ídolos da história do Fluminense, Abel Braga viveu altos e baixos em sua quarta passagem pelo clube. Eliminado ainda na fase preliminar da Libertadores, o treinador conseguiu uma reviravolta ao ganhar o Carioca, algo que o Tricolor das Laranjeiras não conseguia havia uma década. O futebol praticado pelo time de “Abelão”, entretanto, mostrou oscilação, e os resultados ruins na Sul-Americana foram determinantes para a saída em comum acordo, em 28 de abril. Fernando Diniz foi chamado para substituí-lo.