Dez anos após uma temporada de sucesso em São Paulo, o musical “A Família Addams” está de volta ao Teatro Renault e novamente traz Marisa Orth e Daniel Boaventura como o icônico casal Mortícia e Gomez Addams. Entre uma versão e outra, os artistas se reencontraram no palco em 2019, quando protagonizaram o musical “Sunset Boulevard”. Essa parceria é, de fato, exitosa e os atores deixam isso claro em cena ao conduzirem os números com total sintonia. “Já formamos uma dupla sertaneja (risos). Esse reencontro tem sido uma experiência muito bacana. Foi uma delícia trabalhar com a Marisa na primeira montagem e está sendo agora novamente. Sabíamos que seria um projeto diferente e aceitamos o desafio com uma expectativa muito alta”, contou o protagonista.
A nova versão não é igual a produção encenada em 2012 e nem é uma réplica do espetáculo que estreou na Broadway em 2010. “A Família Addams” que chega aos palcos nesta quinta-feira, 10, traz novos elementos que, para Marisa, aumentaram a grandiosidade do espetáculo. “Sinto que conseguimos superar a primeira montagem, que foi um sucesso estrondoso, e isso me dá um grande orgulho. Estava apegada à antiga montagem, mas os novos atores que entraram no elenco são maravilhosos e eu amo o fato dessa nova versão ter várias referências nacionais”, afirmou a intérprete de Mortícia. O espetáculo de 2012 foi o primeiro musical da carreira da atriz e, na atual versão, além de Daniel, ela divide cena com dois atores que são uma grande referência no gênero: Kiara Sasso (Alice Beineke) e Fred Silveira (Mal Beineke). “É uma honra estar ao lado da família real do teatro musical brasileiro. Ainda me sinto uma iniciante”, brincou Marisa.
Kiara, que protagonizou no Teatro Renault musicais como “A Bela e a Fera”, “Mamma Mia”, “A Noviça Rebelde” e “O Fantasma da Ópera”, contou que há 10 anos tentou entrar para o elenco de “A Família Addams”. “Fiz o teste, mas não passei e, agora, vinte anos depois de me apresentar nesse teatro em "A Bela e a Fera" fui convidada para participar da nova versão”, celebrou a veterana atriz. Mesmo com anos de experiência, ela disse que não foi fácil a preparação para entrar em cena, pois, por medidas de segurança, o elenco precisou ensaiar por um bom tempo usando máscaras. Isso mostra que a superprodução precisou se adequar a pandemia e, além das máscaras, o ritmo de ensaios precisou ser intenso, pois tiveram apenas seis semanas e não oito como o habitual. “Esse foi o processo de preparação mais curto da minha carreira. Foi prazeroso, mas cansativo. A produção cuidou de tudo com muita responsabilidade, fazíamos dois testes de Covid-19 por semana. Agora, eu sinto que estou tranquilo para estrear”, afirmou Fred, que já esteve no elenco de diversos musicais, incluindo as duas montagens de “O Fantasma Ópera” no Brasil.
O diretor italiano Federico Bellone deixou claro que o musical é uma nova produção e que no seu processo de criação, ele precisou se desapegar da montagem original. Ao fazer uma sondagem sobre o que o público esperaria nesse retorno de “A Família Addams”, ele entendeu que precisava entregar uma uma produção requintada e de nível Broadway. E foi o que ele fez. O espetáculo ganhou novos figurinos, efeitos especiais e imponentes cenários – sendo a casa dos Addams um dos grandes destaques. Para o diretor, essas mudanças colocam a montagem atual em outro patamar. Com tantos elementos novos, Marisa e Daniel precisaram se reinventar nos personagens que estavam familiarizados. “Mortícia está mais sexy, os figurinos estão mais ricos e a parte cômica da personagem é mais forte nessa produção, algo que me favorece”, disse a atriz.
O intérprete de Gomez acrescentou que houve um processo criativo no qual todos participaram e opinaram: “As marcações são diferentes, a coreografia é diferente, algumas músicas tiveram alterações nas letras, então foi difícil no início porque eu já tinha uma memória corporal do outro espetáculo”. Na visão do diretor, dar essa liberdade criativa ao elenco ajudou a aproximar ainda mais a atual montagem de “A Família Addams” do público brasileiro. “As réplicas são maravilhosas, mas um show novo como esse é especial. Quando se tem um elenco original, os atores criam junto com a equipe criativa. Boa parte do que o público vai ver em cena vem dos artistas, eles sempre vinham com ideias. Esse é o lado bom de uma produção como essa, existe muita colaboração e um mix de culturas”, concluiu Federico. No roteiro, que tem várias referências e piadas sobre clássicos da Broadway, os Addams precisam lidar com o fato de Wandinha (Pamela Rossini) estar apaixonada por um jovem “normal”.