Após uma longa novela com muitas especulações, a Agência Internacional de Testagem (ITA, na sigla em inglês) confirmou nesta sexta-feira, 11, que a patinadora russa Kamila Valieva, de apenas 15 anos, testou positivo em um exame antidoping antes de embarcar para a China para a disputa dos Jogos Olímpicos de Inverno. O imbróglio, porém, ainda não foi solucionado. A Agência Antidoping da Rússia (RUSADA) retirou a suspensão preventiva da atleta, enquanto A ITA, em nome do Comitê Olímpico Internacional (COI), irá recorrer no Conselho Arbitral do Esporte (CAS) contra a decisão. De acordo com o comunicado, o exame da jovem tinha a substância trimetazidina, um medicamento para angina, uma doença do coração, e que tem função vasodilatadora. A testagem foi feita em 25 de dezembro do ano passado, enquanto a contraprova positiva foi realizada em 8 de fevereiro. Agora, Valieva e a equipe de patinação artística do Comitê Olímpico Russo aguardam uma definição para saber se a medalha de ouro, obtida na última segunda-feira, na disputa por equipes, será mantida. A decisão será tomada até, no máximo, a próxima terça-feira, 15, quando a patinadora voltará a competir.
Confira o comunicado da ITA na íntegra:
“Primeiro, a ITA frisa que a Srta. Kamila Valieva, membro da delegação do Comitê Olímpico Russo (ROC) em Pequim, é menor de idade e, portanto, uma “Pessoa Protegida” sob o Código Mundial Antidoping – esse status se aplica a pessoas abaixo da idade de 16. Por isso, as partes não são sujeitas a divulgação pública obrigatória de seu nome ou de qualquer caso em que possa estar envolvida, e qualquer divulgação pública deve ser proporcional aos fatos e circunstâncias do caso. Vendo que alguns na mídia não garantiram a ela a mesma proteção, e reportaram amplamente baseados em informações não oficiais após o adiamento da cerimônia de medalhas do evento de patinação artística por equipes nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022, a ITA reconhece a necessidade de informação oficial devido ao interesse público ampliado.
Para declarar os fatos cronologicamente, uma amostra da atleta foi coletada sob a autoridade de testagens e de gerenciamento de resultados da Agência Antidoping Russa (RUSADA) em 25 de dezembro de 2021, durante o Campeonato Russo de Patinação Artística em São Petersburgo, Rússia. O laboratório credenciado pela WADA em Estocolmo, Suécia, reportou que a amostra retornou um resultado analítico adverso para a substância proibida não especificada trimetazidina (classificada como S4. Moduladores Metabólicos e Hormonais de acordo com a Lista Proibida do Código Mundial Antidoping) em 8 de fevereiro de 2022. Depois disso, a atleta foi suspensa preventivamente pela RUSADA com efeito imediato.
Nos termos do Artigo 15 das Regras Antidoping do COI aplicáveis aos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022, a decisão da RUSADA de impor uma suspensão preventiva automaticamente proíbe a atleta de participar de todos os esportes durante a suspensão preventiva, incluindo os Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022. Já que a amostra foi coletada pela RUSADA antes dos Jogos de Inverno, este caso não está sob a jurisdição do COI e, portanto, não é gerenciado diretamente pela ITA. Em acordo com as Regras Antidoping do COI, a ITA imediatamente informou à atleta que a suspensão preventiva imposta pela RUSADA é vinculativa ao COI e a atleta está impedida de competir, treinar, orientar ou participar em qualquer atividade durante os Jogos Olímpicos de Inverno.
Devido ao fato de este não ser um caso sob a autoridade do COI e levando em conta seu status mencionado acima como “Pessoa Protegida”, a ITA se absteve de divulgar publicamente o caso seguindo a notificação para proteger a identidade da atleta como uma menor e para garantir que todas as medidas necessárias para sua segurança física e mental pudessem ser implementadas. Tudo enquando os devidos processos legais eram iniciados. A atleta apelou a imposição da suspensão preventiva ante o Comitê Disciplinar Antidoping da RUSADA em 9 de fevereiro de 2022 e uma audiência aconteceu no mesmo dia. Na noite de 9 de fevereiro de 2022, o Comitê Disciplinar Antidoping da RUSADA decidiu retirar a suspensão preventiva da atleta, assim permitindo que ela continuasse sua participação nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022. A decisão fundamentada, incluindo as bases para a retirada da suspensão preventiva, serão divulgadas em breve a todas as partes implicadas.
Sob o Código Mundial Antidoping, a Agência Mundial Antidoping (WADA), a União Internacional de Patinação (ISU), RUSADA e o COI têm o direito de apelar a decisão de retirar a suspensão preventiva ante o Conselho Arbitral do Esporte (CAS). O COI vai exercer seu direito de apelar e não esperar a decisão fundamentada da RUSADA, porque uma decisão é necessária antes da próxima competição de que a atleta deve participar (patinação individual feminina, em 15 de fevereiro de 2022).
Seguindo a delegação do programa do COI em relação aos Jogos Olímpicos à ITA, a ITA Vai liderar o apelo ante o CAS em nome do COI. Os procedimentos sobre os méritos da aparente violação de regra antidoping, incluindo o direito da atleta de requerer análise da contraprova, será procurada pela RUSADA no devido curso”. A decisão sobre os resultados da equipe do ROC no evento de patinação artística por equipes só pode ser tomada pela ISU após uma decisão final sobre todos os méritos do caso ser tomada. O procedimento, que está correntemente iniciado, só pode cobrir a suspensão preventiva. Dado que o processo legal para este caso não está concluído, a ITA não vai dar nenhum comentário adicional. Qualquer nova informação sobre o caso será emitida em comunicado público.”