Em meio a pandemia da covid-19 e ao surto da gripe, um novo alerta foi aceso neste domingo (2). Uma jovem grávida foi detectada em Israel com o primeiro caso da "flurona", uma mistura das duas doenças.
No entanto, de acordo com especialistas ouvidos pelo BNews, apesar de ser a primeira ocorrência documentada, casos como o da israelita não é novidade, e inclusive, já foi identificado em Salvador.
De acordo com médico infectologista Antônio Bandeira, tanto em 2020 quanto no ano passado pacientes internados em razão da covid-19 também apresentaram resultado positivo para influenza, vírus causador da gripe.
"A questão da dupla infecção não é nova para nós. Tanto em 2020, quanto no ano passado tivemos pacientes internados com covid que quando a gente buscava ver, na verdade, um painel maior de vírus a gente via que em alguns casos eles não tinham só covid. Teve pacientes com covid e influenza e pacientes com covid e outros vírus respiratórios isolados no mesmo indivíduo".
Apesar do espanto que o assunto causa, a dupla infecção não é motivo para pânico. Os especialistas explicam que é necessário que haja um estudo dos casos para saber se a combinação dos dois vírus causa maior gravidade da doença. No caso da israelita, ela apresenta sintomas leves.
"A coinfecção pode acontecer ainda mais agora que a gente tem uma epidemia muito grande do H3N2. Precisamos aguardar um pouco mais para sabermos o que isso significa. Um caso isolado a gente considera que não represente um comportamento natural dessas coinfecções", pontua Antônio Bandeira.
Para Adriano Oliveira, "o grande problema agora é o encontro dos dois vírus. Não só o problema no sentido das consequências clínicas individuais em cada paciente, mas também a nível do sistema de saúde. São duas doenças altamente disseminadas e que possivelmente juntas de forma aditiva vão estressar o sistema de saúde", afirma.
No Brasil, os primeiros casos foram notificados no Ceará. A capital, Fortaleza, contabiliza três casos da "coinfecção": são duas crianças de 1 ano de idade, que chegaram a ser internadas em hospitais privados da cidade; e um homem de 52 anos, que não precisou de hospitalização.
Segundo a Secretaria de Saúde, as crianças também não apresentaram quadros graves e já receberam alta hospitalar. Não há informação de qual cepa do coronavírus foi responsável pelas infecções. Já o vírus da gripe foi identificado como influenza A H3N2.