O Campeonato Brasileiro 2021 começou sem os “setentões” Geninho (73 anos) e Luiz Felipe Scolari (72) ou os veteranos Vanderlei Luxemburgo (69) e Abel Braga (68). A aposta, na maioria dos casos, é em uma geração de treinadores jovens, com menos bagagem nas costas, mas estudiosos e com um futuro promissor. Às exceções de Cuca, do Atlético-MG, e Guto Ferreira, do Ceará, todos os “professores” que começam a Série A empregados têm menos de 50 anos e prometem trilhar uma longa carreira pela frente. Entre os grandes clubes, vale prestar atenção em Sylvinho, que foi auxiliar de Tite na seleção brasileira, teve uma rápida passagem pelo Lyon (FRA) e assumirá o Corinthians, em seu segundo trabalho como técnico. Rogério Ceni, atual campeão nacional com o Flamengo, é outro que chama atenção por estar apenas no início de sua trajetória na beirada do campo, mas mostrando evolução e colecionado títulos com o Rubro-Negro.
Os estrangeiros também sempre são atrações no Brasileirão. Desta vez, o campeonato começa com cinco “gringos” no banco, sendo três deles favoritos ao título. O português Abel Ferreira, do Palmeiras, tenta aumentar a sua coleção de taças após o início arrasador no país na temporada passada, quando levantou os troféus da Libertadores da América e da Copa do Brasil. Já o argentino Hernán Crespo, do São Paulo, tenta trilhar o mesmo caminho. Ele já começou com o pé direito ao faturar o Paulistão de 2021. Quem também busca o protagonismo é Miguel Ángel Ramírez, comandante do Internacional, que desembarcou no Brasil extremamente elogiado por seu trabalho no Independiente del Valle (EQU), campeão da Sul-Americana de 2019. A lista de técnicos de fora do Brasil ainda tem Juan Pablo Vojvoda, da Argentina, que tem a missão de manter o Fortaleza na elite do futebol nacional, e António Oliveira, português que faz a sua estreia no Nacional após ser promovido de auxiliar para treinador no Athletico-PR. Vale lembrar que a CBF estabeleceu uma regra inédita para esta temporada: há o limite de apenas uma demissão por equipe; por outro lado, cada treinador poderá dirigir no máximo dois times.
América-MG – Lisca, 48 anos: Rodado, o técnico apelidado de “Doido” vive o melhor momento da carreira. Segundo colocado da Série B do Brasileiro na temporada passada, Lisca também levou o América-MG à semifinal da última Copa do Brasil e ficou com o vice-campeonato do Mineiro em 2021, incomodando bastante o campeão Atlético-MG. Nos últimos meses, ele chegou a ser procurado por várias equipes, mas acabou rejeitando os convites para permanecer à frente do projeto do Coelho: consolidar-se na elite.
Athletico-PR – António Oliveira, 38 anos: O segundo treinador mais jovem do Brasileirão é português. Contratado para ser assistente do Furacão em 2020, o jovem assumiu o comando do time em março deste ano, ficando com a vaga de Paulo Autuori, que passou a ficar exclusivamente no cargo de diretor técnico. Ex-zagueiro, ele também foi técnico entre 2017 e 2017 no futebol do Kuwait.
Atlético-GO – Eduardo Barroca, 39 anos: Pego de surpresa com o pedido de demissão de Jorginho, o Dragão ficou um período sem um comandante até fechar com Eduardo Barroca na noite da última quinta-feira, 27. Apesar de jovem, o profissional já trabalhou em vários times, como Botafogo, Vitória, Coritiba e no próprio Atlético-GO, onde conduziu o clube ao acesso à Série A em 2019, somando três vitórias, cinco empates e uma derrota em nove jogos (aproveitamento de 51%). Agora, ele retorna com a missão de manter a equipe na elite.
Atlético-MG – Cuca, 57 anos: De volta à casa onde se consagrou campeão da Libertadores, Cuca está passando por um bom momento na carreira. Classificado para as oitavas de final do principal torneio da América do Sul como a melhor campanha geral, o Atlético-MG se reforçou bem e tem tudo para brigar pelo título que não vem há 50 anos. Com considerável rodagem entre os grandes clubes da Série A, o treinador conhece o caminho da vitória e deve manter a equipe bem competitiva durante o torneio.
Bahia – Dado Cavalcanti, 39 anos: Um dos treinadores mais jovens da atual edição do Brasileirão, Dado não é muito conhecido, apesar de atuar como técnico desde 2006, quando tinha 25 anos. Com passagens por Ponte Preta, Coritiba, Náutico e Paysandu, ele chegou ao Bahia em 2019 para treinar a equipe de aspirantes, mas a pandemia desmontou o projeto, e o pernambucano seguiu para a Ferroviária. Após a demissão de Mano Menezes, em dezembro de 2020, Dado voltou e assumiu a equipe principal. Seu trabalho foi recompensado com o título da Copa do Nordeste de 2021 contra o Ceará. Comandante de um elenco pouco badalado, mas dotado de boas ideias, o técnico vai brigar para se manter na Série A.
RB Bragantino – Maurício Barbieri, 39 anos: Apesar da idade, o espectador mais assíduo do futebol brasileiro provavelmente já ouviu falar no nome de Barbieri, que recebeu uma oportunidade para treinar o Flamengo em 2018, como interino. Ele até conseguiu a efetivação, mas acabou demitido no mesmo ano. O jovem, porém, vive outra fase e tem feito excelente trabalho no Bragantino, onde ocupa o cargo de técnico desde o ano passado. A sua equipe, é verdade, acabou sendo eliminada nas quartas de final do Paulistão pelo Palmeiras. Ainda assim, é inegável que, sob o seu comando, o Massa Bruta vem evoluindo.
Ceará – Guto Ferreira, 55 anos: Com um currículo extenso e sem muita badalação, Guto é um dos treinadores brasileiros que merecia mais destaque. Apelidado de “Gordiola”, o técnico foi campeão em quase todos os clubes pelos quais passou, além de ter fama de livrar equipes do rebaixamento. Desde 2020 no Vozão, Guto conquistou a Copa do Nordeste de 2020 e chegou à decisão em 2021, ficando com o vice após perder para o Bahia nos pênaltis. Com uma boa liderança de elenco, ele é o treinador que mais tempo ficou à frente do time no século, chegando a 431 dias. Com o “Gordiola”, o Ceará acredita que pode surpreender nesta edição do Brasileiro.
Chapecoense – O clube catarinense está em busca de um técnico para ocupar a vaga de Mozart Santos, de 41 anos, demitido na última quinta-feira, 27. Por enquanto, Felipe Endres, 39, está comandando interinamente a Chape. Mozart deixou o clube após perder o título catarinense para o Avaí. Com diplomas do Brasil e de Portugal, o estudioso Endres sonha com a efetivação, apesar da pouca experiência. O único trabalho do gaúcho como técnico principal foi no Pelotas, em 2019, e durou apenas seis jogos.
Corinthians – Sylvinho, 47 anos: O mais novo técnico contratado entre times da Série A, Sylvinho chega com uma expectativa grande. Tendo licença UEFA PRO, a mais alta concedida pela Fifa, e trabalhado com Tite e Mano Menezes, o ex-lateral, revelado na base do clube, chega para resgatar a mentalidade de raça e competitividade do Corinthians. O Timão vive um momento de orçamento reduzido e não deve contratar grandes reforços para o campeonato, mas tem em seu treinador a esperança de novas ideias.
Cuiabá – Alberto Valentim, 46, foi o primeiro técnico demitido no Brasileirão 2021, após o empate por 2 a 2 com o Juventude, na Arena Pantanal. O mineiro, que despontou em 2017, quando o Palmeiras demitiu Cuca e o deixou como interino nas últimas dez rodadas do Brasileirão, durou dez jogos no comando do time mato-grossense, com sete vitórias e três empates. Ou seja, foi demitido invicto e com um título estadual na bagagem, conquistado no último dia 23. Enquanto não contrata um novo treinador, o Cuiabá será dirigido interinamente pelo auxiliar Luiz Fernando Iubel, de 32 anos.
Flamengo – Rogério Ceni, 48 anos: Ceni é um dos treinadores mais contestados do país na atualidade, apesar de ter conquistado três títulos desde que chegou à Gávea: Campeonato Brasileiro 2020, Supercopa do Brasil 2021 e Campeonato Carioca 2021. Costumeiramente criticado por suas escolhas e trocas durante a partida, o comandante tem boas ideias para colocar em prática durante o Brasileirão e um plantel de dar inveja aos rivais. Favorito ao título, o Flamengo sempre chega forte para disputas nacionais e deve brigar pelo topo novamente.
Eu tenho CERTEZA que boa parte da torcida do Flamengo aqui no Twitter vai torcer pro time cair nas oitavas só pra dizer “eu avisei sobre o Ceni”.
Chegaram num nível surreal de implicância com um técnico que ganhou 75% das taças que disputou até hoje no Flamengo.
— Edu (@goldorayo) May 28, 2021
Fluminense – Roger Machado, 46 anos: Roger é outro treinador considerado da nova safra, mas que também já rodou por gigantes do futebol brasileiro, como Grêmio, Atlético-MG, Palmeiras e Bahia. O professor, porém, espera ainda conquistar um grande torneio, desta vez no comando do Fluminense. Até aqui, o técnico, que chegou ao Rio de Janeiro em fevereiro, no começo da temporada, deixou escapar o Carioca — foi vice-campeão —, mas avançou às oitavas da Libertadores.
Fortaleza – Juan Pablo Vojvoda, 46 anos: A diretoria do Leão pensou “fora da caixa” ao trazer, no começo do mês, o ex-zagueiro argentino, que tornou-se treinador somente em 2016, quando foi convidado para liderar o projeto no Newell"s Old Boys. Depois, ele passou por outros clubes da sua terra natal, como Defensa y Justicia, Talleres e Huracán, até mudar de país para assumir o La Calera, do Chile. Em 2020, destacou-se ao colocar o pequeno time na zona de classificação para a Libertadores. Já no Fortaleza, Vojvoda começou com o pé direito, ganhando o Cearense.
Grêmio – Tiago Nunes, 41 anos: Depois de sua experiência ruim como treinador do Corinthians, em 2020, Tiago chegou ao Tricolor gaúcho mostrando por que era um dos profissionais mais cobiçados do país quando dirigia o Athletico-PR. Campeão do Gauchão de 2021 com pouco mais de um mês de trabalho — e responsabilidade de substituir o ídolo Renato Gaúcho —, o treinador natural de Santa Maria já mostrou que tem DNA vencedor e pode fazer o time do Grêmio voltar a render. Contrato em abril e vinculado ao Imortal até 2022, Tiago tem uma terceira chance de se provar como um profissional jovem e moderno para o futebol brasileiro.
Internacional – Miguel Ángel Ramírez, 36 anos: Novato, o treinador espanhol chamou atenção dos clubes brasileiros ao se destacar no Independiente del Valle, onde conquistou a Sul-Americana de 2019 com brilhantismo. Após rejeitar o Palmeiras, em 2020, Ramírez selou acordo com o Inter, começando a sua trajetória no Rio Grande do Sul no início da temporada. Até o momento, o técnico apresenta resultados medianos: alcançou a classificação para as oitavas de final da Libertadores, mas amargou o vice do Gaúcho para o rival Grêmio. Para o Brasileirão, a expectativa é tentar sair do jejum de 41 anos sem conquistar o Nacional — o Colorado bateu na trave em 2020, quando ficou na segunda posição.
Juventude – Marquinhos Santos, 41 anos: Recém-promovido para a Série A, o Juventude vê em Marquinhos uma boa chance de permanecer na elite do futebol brasileiro. Na equipe desde 2020, o treinador já teve passagens por Fortaleza, Figueirense, Chapecoense e chegou a trabalhar com as categorias de base da seleção brasileira masculina. Foi campeão do interior no Rio Grande Sul neste ano. Vale a pena ficar de olho no banco de reservas do Juventude neste Brasileirão.
Palmeiras – Abel Ferreira, 42 anos: Considerado por muitos o melhor técnico no país em 2020, Abel enfrenta um momento conturbado no comando do Palmeiras. Após ser vice da Recopa Sul-Americana, da Supercopa do Brasil e do Paulistão 2021, o português tenta introduzir novamente no Verdão o jogo vistoso e vencedor da temporada passada. Enfrentando uma maratona de jogos, Abel tende a mesclar as equipes principais com os reservas, mas o time B tem dado conta do recado nesta temporada.
Santos – Fernando Diniz, 47 anos: Apesar das discussões apaixonadas que seu nome proporciona, Diniz vem se consolidando como um treinador de clubes grandes. Após passagens por Athletico-PR, Fluminense e São Paulo, ele fechou com o Santos no começo de maio, com a missão de reerguer o time praiano apoiado na utilização de promissores jogadores oriundos das categorias de base. Se não vive a expectativa de conquistar o Brasileiro com o modesto elenco do Peixe, o comandante espera, ao menos, manter certa regularidade e terminar o ano em alta, algo que não aconteceu na última temporada, quando viu o Tricolor cair de rendimento e perder a lideranças nas últimas rodadas. Ele foi demitido faltando cinco jogos para o fim da competição.
São Paulo – Hernán Crespo, 45 anos: Craque como atacante nas décadas de 1990 e 2000, Crespo tem pouca experiência no banco de reservas, com passagens curtas por Modena (ITA), Banfield (ARG) e Defensa y Justicia (ARG). Apesar disso, o técnico argentino já entrou para a história do Tricolor. Contratado no início da temporada, ele levou o São Paulo ao título do Paulistão 2021, tirando o clube da incômoda fila de oito anos sem erguer uma taça. Em 22 partidas como comandante da equipe, soma 14 vitórias, 6 empates e apenas 2 derrotas. O argentino transformou o Tricolor em um conjunto competitivo e bastante aguerrido. Para o Brasileirão, a expectativa é que ele leve os paulistas às primeiras posições na tabela.
Sport – Umberto Louzer, 41 anos: Efetivado no Guarani, Louzer tornou-se oficialmente treinador em 2018, pelo time de Campinas. Depois de rápidas passagens por Vila Nova e Coritiba, ele se encontrou na Chapecoense, onde foi campeão da última Série B e do Catarinense, em 2020. Agora, tenta repetir o sucesso no Leão da Ilha. A sua missão é melhorar o poderio ofensivo da equipe, pior ataque do último Brasileiro, ao lado do Coritiba, com apenas 31 gols em 38 rodadas. A estreia do capixaba no Sport será neste domingo, contra o Internacional, no Beira-Rio.