Uma das expressões mais ouvidas nos últimos tempos é: “O mundo mudou”. A pandemia de Covid-19, de fato, fez o planeta como um todo mudar o jeito de conviver e de olhar o próximo. De certo modo, esse movimento impacta até mesmo a disputa no tapete vermelho do Oscar. Isso porque, de modo diferente a anos anteriores, a premiação deste ano traz, quase de modo uniforme, histórias sobre questões sociais e temas mais humanos, em todas suas nuances. Obras com foco mais romântico, por exemplo, praticamente ficaram de fora, como quando filmes como “Titanic” e “Shakespeare Apaixonado” foram sucesso, no fim dos anos 1990. As películas atuais vêm retratando dramas pessoais e questões sociais com profundidade psicológica. O público deve se atentar, por exemplo, ao filme “Nomadland”, franco favorito ao Oscar 2021. Com seis indicações, a obra escancara o capitalismo nos Estados Unidos. O filme conta a história de Fern, uma mulher desempregada que luta para sobreviver dia após dia com todos seus pertences em uma van, em uma vida nômade.
“Os 7 de Chicago”, que concorre a cinco estatuetas, inclusive a de melhor filme, trata da condenação de oito homens por organizar e participar de protestos durante a convenção do partido democrata, na época da guerra do Vietnã. um deles, ao longo do julgamento, acusa o juiz de racismo e passa a ser julgado separadamente. Outro destaque fica para “Judas e o Messias Negro”, que também concorre em 5 categorias. O filme retrata a história de Fred Hampton, líder negro que era presidente da filial do estado de Illinois do movimento dos Panteras Negras. Em uma invasão policial, ele foi assassinado aos 21 anos. “Uma Noite em Miami” concorre em três categorias e mostra a vida do lutador de boxe Muhammad Ali, um dos mais importantes esportistas do mundo. O filme também retrata a amizade dele com três personalidades do movimento negro nos EUA: o ativista Malcolm X, o cantor Sam Cooke e o jogador de futebol americano Jim Brown.
Promessa de faturar prêmios, “Meu Pai” concorre a 6 estatuetas, incluindo a de melhor filme e melhor ator com Anthony Hopkins. Ele interpreta um idoso de 84 anos, que mora sozinho e começa a ter sintomas de comprometimento neurológico. A trama está centrada em sua não aceitação e não querer ajuda, começando a duvidar do que é real e o que é fruto de sua mente. “O Som do Silêncio” também concorre em seis categorias, incluindo melhor filme e melhor ator com o muçulmano Riz Ahmed. O longa-metragem gira em torno de um baterista de uma banda heavy metal que fica surdo e sente um mix de revolta e frustração por não poder exercer sua profissão, além do preconceito. Vale a pena, ainda, observar “Minari – Em Busca da Felicidade” vai em busca de 5 troféus. A obra já levou o globo de ouro de melhor filme estrangeiro e retrata a mudança de uma família da Coreia do Sul para os Estados Unidos para trabalhar em uma fazenda de plantação. O choque cultural e o preconceito estão bem amarrados no roteiro.
*Com informações do repórter Fernando Martins