Duas irmãs, uma é vista como uma jovem promessa do tênis, a outra é rejeitada pela mãe. No auge da carreira, a tenista Ana engravida e é influenciada a dar seu bebê para a adoção, mas ao ter contato com a criança, ela desiste da ideia e resolve assumir a filha. Para isso, Ana planeja fugir de casa com a ajuda da irmã, Manuela, mas elas sofrem um acidente na fuga que faz Ana passar anos em coma. A trama de “A Vida da Gente”, sucesso de crítica e entre o público, foi exibida originalmente entre 2011 e 2012 e chamou a atenção por dar foco nas relações humanas e por colocar o destino como o “vilão” da trama. A novela de Lícia Manzo, que conta com Nicette Bruno no elenco, está sendo reprisada na faixa das 18h na Globo e mais uma vez está agradando o público e dando bons índices de audiência. A atriz Marjorie Estiano, que deu vida a Manuela, foi um dos grandes destaques, e sua personagem, que assume a criação da sobrinha quando Ana (Fernanda Vasconcellos) entra em coma, caiu no gosto dos telespectadores.
Marjorie acredita que “A Vida da Gente” está trazendo “afeto em um momento árido”. “A novela está sendo reprisada em um momento em que nossas relações ainda estão muito abaladas. A pandemia veio com a força da natureza, um tsunami passando por cima de todos, mostrando que estamos e devemos estar todos do mesmo lado, que somos feitos da mesma matéria, que vivemos em sociedade e que para nos mantermos vivos é fundamental compreendermos o que isso significa”, comentou a atriz em entrevista à Jovem Pan. Após o acidente, a história acompanha os conflitos de Manuela que, ao mesmo tempo que sofre com a irmã em coma, consegue reconstruir a sua vida abrindo seu próprio negócio, criando Júlia e se apaixonando por Rodrigo (Rafael Cardoso), pai biológico da sobrinha e ex-namorado da irmã.
O grande conflito da jovem é com a mãe, Eva (Ana Beatriz Nogueira), que sempre a rejeitou e a culpa pelo acidente de Ana, que não esconde ser sua filha predileta. Carregada de emoção, a novela traz diálogos que, para Marjorie, instigam o público. “Os personagens da novela fazem suas escolhas em nome do amor. Com certeza a delicadeza dessa história vem em boa hora. Estamos todos com a alma muito dolorida, a dor de um impacto muito forte, o corpo está sensível. Então, antes de qualquer coisa, vejo essa novela como um acolhimento, nos relembrando como o afeto deixa a vida mais bonita. O amor é hoje, mais do que nunca, um posicionamento político.”
Além de poder assistir novamente a esse grande sucesso, o público também está tendo a oportunidade de rever Nicette Bruno em cena. No papel de Iná, uma avó amorosa que acolhe Manuela e a bisneta Júlia após elas serem expulsas de casa por Eva, a atriz, que morreu em dezembro do ano passado, vítima da Covid-19, dividiu diversas cenas com Marjorie. “Tenho as melhores lembranças. Não tenho nenhum rastro de qualquer sensação que não seja de admiração, leveza, beleza. Dentro do convívio que tivemos, não houve um único momento de incômodo, constrangimento, conflito de gerações, nada. Ela era uma pessoa e uma atriz extremamente acolhedora. E olha que o ritmo que seguíamos era de desequilibrar qualquer um. Ela foi simplesmente maravilhosa, era um bálsamo”, afirmou a intérprete de Manuela.
Na percepção de Marjorie, Nicette tinha uma compreensão ampla do mundo, das relações e do trabalho e, por conta disso, não tinha dificuldade em se adaptar ao novo. “Ela não tinha nenhum tipo de aprisionamento. Não diria que Iná e Nicette são a mesma pessoa. Acho que tinham muita coisa em comum, como perspicácia, inteligência emocional, entre outras características, mas a Nicette tinha uma personalidade talvez mais gaiata, divertida, uma vitalidade invejável e um interesse por absolutamente tudo. Era uma pessoa interessada, inteira. Nicette era um espetáculo que eu tive o privilégio de assistir durante um ano da minha vida e que reverbera e me transforma até hoje”, finalizou a atriz.