O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu apoio ao empréstimo de US$ 960 milhões (R$ 4,74 bilhões) do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) para a Argentina. O apoio brasileiro é visto como um gesto pragmático em relação ao homólogo argentino Javier Milei, eleito no mês passado. O empréstimo foi aprovado pela diretoria do CAF na sexta-feira, 15, por unanimidade entre os 21 votos possíveis. O valor será utilizado para pagar parte da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). É necessário quitar um montante de US$ 912 milhões (cerca de R$ 4,5 bilhões) até a próxima quinta-feira, 21. Esse crédito evitará que a Argentina entre em uma situação de inadimplência com o FMI, abrindo caminho para uma possível renegociação. O acordo foi firmado durante o governo de Mauricio Macri e já foi renegociado várias vezes pelo ex-presidente Alberto Fernández, totalizando hoje US$ 44 bilhões (cerca de R$ 220 bilhões).
Javier Milei anunciou um amplo pacote de medidas econômicas nos primeiros dias de governo. O Banco Central da Argentina decidiu manter a taxa básica de juros em 133% ao ano, abaixo da inflação, e aumentar em 2% ao mês a cotação do dólar oficial. Além disso, o plano inclui a suspensão de novas obras públicas, a redução de subsídios de energia e transporte a partir de janeiro, o enxugamento de repasses às províncias e a liberação de importações. No entanto, Milei planeja aumentar temporariamente os impostos sobre importadores e exportadores, o que pode afetar o comércio regional a curto prazo. O empréstimo obtido pela Argentina terá uma taxa de juros de 5,72% ao ano, de acordo com as normas do banco para operações de risco com garantia soberana. O país terá até 12 meses para honrar o compromisso. Enquanto não pagar a dívida assumida, o país não poderá solicitar novos financiamentos ao CAF.