Em entrevista à Jovem Pan News, o senador de Alagoas, Rodrigo Cunha, que atualmente é o presidente em exercício no senado, falou sobre a situação em Maceió, que sofre com abalos sísmicos que ocasionou no afundamento do solo em aproximadamente dois metros, e obrigou várias pessoas a deixarem suas casas. Cunha reforçou que o que está sendo visto hoje não é nenhuma novidade, porque já tinha sido avisado sobre a situação da região em 2018, e criticou o fato da Braskem, empresa responsável pela exploração de sal-gema em Maceió, de ser uma das palestrantes na COP28, conferência do clima que está sendo realizada em Dubai, nos Emirado Árabes, para falar sobre preocupação e orientação de segurança ambiental em um momento em que a capital de Alagoas sobre sofre pelos seus atos. “Esse assunto não é novidade. Em 2018, quando aconteceram os maiores abalos, teve uma preocupação. Em 2019, o senado teve uma grande participação e que conseguiu demonstrar por laudo que o que estava acontecendo em Alagoas não era fenômeno natural ou terremoto como diziam, e sim consequências da exploração de um mineral durante 40 anos sem qualquer tipo de fiscalização”, falou Cunha. Segundo o senador, a própria empresa era responsável por realizar a fiscalização de suas atividades. “Eles contratavam técnicos e apresentam o laudo para o Ministério de Minas e Energia. Houve omissão por parte do governo”, fala.
Cunha relata que o que está acontecendo hoje é o que já tinha sido previsto. “As minas estão ganhando profundidade. Foram dois metros em três dias e isso fez com que causasse alerta máximo de risco”, explica e acrescenta que a situação fez com que outro bairro no entorno fosse colocado sob estado de atenção e que mais 5 mil pessoas vão precisa deixar suas casa e que algumas já começaram a deixar suas casas, porém, estão sendo realocadas em hotel e recebendo auxílio porque não tem moradia para todo mundo. O senador conta que a situação está tão delicada que arrisca atingir a Lagoa Mundaú, de onde saí o Sururu, especiária de Alagoas. “Estamos diante de uma situação que geral preocupação no país inteiro”, diz. Durante entrevista à Jovem Pan, Cunha criticou o fato de que a Braskem, mesmo em meio ao transtorno ambiental no nordeste, seja uma das empresas a palestrar na COP28 sobre preocupação e segurança ambiental. “É viver em um mundo de faz de conta. A empresa causou um prejuízo na cidade, que precisa ser reparado. E ela ainda não parou e precisamos saber onde ela vai chegar”, argumenta.
A Braskem informou neste sábado que todos os moradores deixaram a região da mina 18, inclusive aqueles que se opunham. O senador confiram a informação e conta que mais de 90% das famílias fizeram acordo com a empresa e adquiriram imóvel em outro local. “As pessoas tiveram opção de aceitar ou não, mas se acharem que não foi justo a quantia, podem pedir revisão”, diz Cunha, que também ressalta que o metro quadrado em Alagoas é um dos mais caros do Brasil e o mais caro do nordeste. Além das casas, comércios locais também foram afetados. Segundo ele, 2.000 CNPJ foram atingidos. “A União também tem responsabilidade, porque deu autorização para o estado fazer o que não foi feito. O Governo precisa buscar auxílio habitacional. Não podemos aceitar que essas pessoas sobrevivam. Não é colocar em qualquer local”, fala Cunha, que conta que teve uma reunião com o presidente em exercício, Geraldo Alckimin, e que eles estão monitorando em tempo real, graças a equipamentos de última geração, que permite atualização, hora a hora, o afundamento da região. Apesar da situação ser delicada, o senador tranquilizou os turistas que pretende ir para a capital alagoada, e falou que não é toda a cidade que está interditada, apenas uma parte e que ninguém tem acesso a ela neste momento.