A Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) rebateu a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e reprovou a decisão de misturar torcedores de Brasil e Argentina na noite desta terça-feira, 22, no Maracanã. As seleções se enfrentaram pela 6ª rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. O jogo terminou com vitória da Argentina por 1 a 0. Antes da bola rolar, porém, uma confusão entre argentinos e brasileiros no setor sul do estádio atrasou o início da partida em meia hora. Em contato com o site da Jovem Pan, a corporação afirma que cumpriu rigorosamente sua missão, “conforme legislação vigente”. A PM argumenta que a lei determina que “toda a organização fique a cargo das entidades promotoras envolvidas” e disse que a segurança das arquibancadas era de responsabilidade de uma empresa contratada pela CBF. O nome da empresa não foi citado. Ainda segundo a PM, seguindo protocolos próprios, “coube à CBF a decisão de liberar a venda de ingressos sem critério de cotas para torcedores dos dois países” e de não demarcar “espaços nos setores das arquibancadas para cada torcida”, que segundo a corporação é uma prática adotada nas praças esportivas do Estado. A corporação se defende e afirma ter sido informada sobre o critério de vendas das entradas em uma reunião realizada na última quinta-feira, 16, dois dias após o início da venda dos ingressos. A PM afirma que todos os ingressos já tinham sido vendidos no mesmo dia. Além disso, a polícia pontuou que, inicialmente, ” a venda para torcedores argentinos foi direcionada para o setor sul do Maracanã”, onde ocorreu a briga. Entretanto, o espaço foi liberado para todos os espectadores, “transformando a área, que deveria ser restrita, em arquibancada mista”, segundo informou a PM.
Horas após a partida, a CBF emitiu um comunicado dizendo que as autoridades de segurança haviam aprovado a torcida mista. A entidade saiu em defesa da realização de jogos com as torcidas misturadas na arquibancada. “É importante esclarecer que a organização e o planejamento da partida foram realizados de forma cuidadosa e estratégica pela CBF, em conjunto e em constante diálogo com todos os órgãos públicos competentes, especialmente a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro”, diz trecho do comunicado. “A realização da partida com torcida mista sempre foi de ciência da Polícia Militar do RJ e das demais autoridades públicas, pois é o padrão em competições organizadas pela Fifa e Conmebol, como ocorre nas Eliminatórias da Copa do Mundo, na própria Copa do Mundo, Copa América e outras competições. Outros jogos entre Brasil e Argentina, até de maior apelo, como a semifinal da Copa América de 2019, também foram disputados com torcida mista. Não se trata de um modelo inventado ou imposto pela CBF”, argumentou. Ainda segundo a CBF, os “planos de ação e segurança foram aprovados sem qualquer ressalva ou recomendação pelas autoridades de segurança pública presentes”. Sendo assim, não houve separação entre os torcedores dentro do estádio. “Ou seja, todo o plano de ação e de segurança foi elaborado e dimensionado já considerando a classificação do jogo como vermelha e com a presença de torcida mista, tanto que atuaram na segurança da partida 1050 vigilantes privados e mais de 700 policiais militares da Polícia Militar RJ”, afirma. Por fim, a entidade disse que cumpriu “rigorosamente o plano de ação, de segurança e operação da partida, tal qual foi aprovado pela Polícia Militar RJ e demais autoridades”.
Veja a íntegra da nota da Polícia Militar do Rio de Janeiro:
“A respeito dos lamentáveis episódios que antecederam a partida entre Brasil e Argentina na noite de terça-feira no Maracanã, a Secretaria de Estado de Polícia Militar vem a público prestar os seguintes esclarecimentos:
O Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios (BEPE), referência nacional em sua especialidade, cumpriu rigorosamente sua missão, conforme legislação vigente. Em eventos privados, como a partida desta terça-feira, a legislação determina que toda a organização fique a cargo das entidades promotoras envolvidas. A segurança das arquibancadas estava a cargo de uma empresa especializada contratada pela CBF. Seguindo protocolos próprios, coube à CBF a decisão de liberar a venda de ingressos sem critério de cotas para torcedores dos dois países e, mais grave, de não delimitar espaços nos setores de arquibancadas para cada torcida, uma prática utilizada com sucesso nas praças esportivas do Estado do Rio de Janeiro. Vale destacar que a Polícia Militar, por meio do BEPE, só foi informada sobre o critério de vendas de ingressos e adoção de setores mistos, ou seja, sem a divisão de torcidas, em reunião realizada na última quinta-feira, 16 de novembro, dois dias depois do início da comercialização de ingressos. No dia 16, todos os ingressos já tinham sido vendidos. É importante pontuar que, inicialmente, a venda para torcedores argentinos foi direcionada para o setor sul do estádio (local onde ocorreu o confronto entre torcedores). Contudo, o setor acabou liberado para todos os torcedores, transformando a área, que deveria ser restrita, em arquibancada mista“.