Mappim

Impasse sobre saída de brasileiros de Gaza vira novo embate entre governo e oposição

O imbróglio envolvendo a saída de brasileiros da Faixa de Gaza se transformou no mais novo embate entre apoiadores do governo Lula e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Por Redação em 11/11/2023 às 00:18:05

Foto: Reprodução internet

O imbróglio envolvendo a saída de brasileiros da Faixa de Gaza se transformou no mais novo embate entre apoiadores do governo Lula e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A lista de pessoas a serem retiradas do território palestino rumo ao Egito foi divulgada nesta sexta-feira, 10, com 34 brasileiros e seus familiares. A tentativa de repatriação, no entanto, foi frustrada após o fechamento repentino da fronteira. Enquanto bolsonaristas atribuem o eventual desfecho da operação ao encontro do ex-chefe do Executivo federal com o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Sonshine, na quinta-feira, 9, durante um evento na Câmara dos Deputados, o núcleo duro do governo petista reagiu e afirmou que o feito não tem nenhuma relação com Bolsonaro. Em meio à troca de farpas, a Embaixada de Israel no Brasil afirmou que Bolsonaro não foi convocado para o evento realizado no Congresso e que o convite foi feito “apenas para parlamentares”. Mesmo com a negativa da entidade, Bolsonaro declarou em entrevista que conversou com Yossi Shelley, um dos assessores especiais de Benjamin Netanyahu, para pedir apoio na liberação dos brasileiros que estão em Gaza. O drama do grupo que aguarda a liberação há mais de um mês se deslocou para as redes sociais, onde a hashtag #BolsonaroNobeldaPaz e a expressão “Bolsonaro atrapalhou” se tornaram dois dos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter) no Brasil.

Na noite desta sexta-feira, 10, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta, divulgou um vídeo no qual afirma que Bolsonaro está tentando tirar proveito de um trabalho de articulação feito pelo governo Lula. Na gravação, Pimenta afirma que “Bolsonaro é como um chupim” e que “quer tirar vantagem usando o nome dos outros”. O ministro disse que o governo está há 30 dias trabalhando dia e noite na “maior operação” de repatriação de brasileiros vindo do Oriente Médio e que nenhuma conquista deve ser atribuída ao ex-presidente. Por outro lado, aliados de Bolsonaro tentam capitalizar com o impasse. O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) publicou em seu perfil no X que o ex-presidente “conseguiu salvar os brasileiros” que estavam em Gaza. “Enquanto Lula passou todo esse tempo atacando Israel, Jair Bolsonaro intercedeu pelos brasileiros que estão na Faixa de Gaza”, escreveu o também deputado federal Mário Frias (PL-SP), ex-secretário de Cultura na gestão Bolsonaro. A primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, fez uma menção indireta às falas de Bolsonaro pelas redes sociais. A única verdade é essa aqui. A diplomacia brasileira, sob orientação do Presidente, trabalhando para liberar os brasileiros que estão retidos em Gaza. Esperamos que amanhã eles estejam voando de volta para casa”, escreveu.

Como a Jovem Pan mostrou, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta sexta-feira, 10, em entrevista a jornalistas, que a situação na Faixa de Gaza impede a previsão de quando os brasileiros vão poder cruzar a fronteira. "Situação em Gaza não me permite dizer que será, hoje, amanhã ou quando, são inúmeras as questões que dificultam a abertura. Mas tenho mantido os contatos com as autoridades e examinado a possibilidade da libertação de brasileiros no menor prazo possível", afirmou o chanceler. Segundo o ministro, existe um entendimento entre as partes para que em primeiro lugar passem os feridos. Só depois os estrangeiros serão autorizados a cruzar a fronteira. Por essa razão, segundo Vieira, não houve passagem de Gaza para o Egito, porque as ambulâncias estavam impossibilitadas de passar. "As autoridades da fronteira disseram que eles sairiam hoje de manhã, mas novamente não puderam, porque o posto de controle não foi aberto", disse o ministro, destacando que nenhum dos cidadãos de nenhuma nacionalidade cruzou a fronteira nos três últimos dias.