Apontada como uma das organizadoras dos atos de 8 de Janeiro, a ex-bancária Ana Priscila de Azevedo disse à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, que o grupo que foi manifestar na Esplanada não tinha intenção de dar um golpe de Estado. Segundo a depoente, a intenção de fazer os acampamentos que acabaram dando origem aos atos violentos do era de pedir às Forças Armadas para apontar se houve ou não um "processo transparente" nas eleições de 2022. “As Forças Armadas eram como se fosse o VAR. O gol valeu ou não valeu? Era só isso que a gente queria saber”, disse Ana Priscila, em referência ao árbitro de vídeos das partidas de futebol, usado para checar se uma jogada determinante dentro de uma partida foi legal ou não. “Queríamos o código-fonte [da urna]. O relatório do Ministério da Defesa em que nos baseamos disse que não excluiu a possibilidade de fraude e que os técnicos não tiveram acesso adequado ao código-fonte.”
A justificativa de Ana Priscila não convenceu o presidente da comissão, Chico Vigilante (PT) e o relator, Hermeto (MDB). Ambos questionaram o comportamento violento apresentado pela depoente em vídeos e áudios expostos no telão da comissão em que ela aparece conclamando pessoas para atos violentos. Em um dos vídeos, ela filma um momento de quebra-quebra e debocha de uma viatura da Polícia Legislativa caída dentro do espelho d'água do Congresso. Além dos questionamentos dos deputados distritais, uma investigação da Polícia Federal aponta que Ana Priscila convocou manifestantes para "tomar o poder de assalto" e "sitiar os Três Poderes". A ex-bancária está presa por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) na Penitenciária Feminina do DF, conhecida como Colmeia.