A imagem deu a volta ao mundo: um menino sai da água do mar com os olhos fechados e os braços abertos, em um gesto de impotência, com o corpo coberto por um saco de lixo, empapado do óleo que há quase dois meses se espalha pelo litoral nordestino.
Foi registrada por um fotógrafo colaborador da AFP, Léo Malafaia, na praia de Itapuama, em Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco), em 21 de outubro, por volta das 11h da manhã.
'Que foto mais feia', afirma mãe de menino fotografado coberto de óleo em praia
O lucro da barraca da mãe do menino fotografado coberto de óleo em Cabo de Santo Agostinho, na Grande Recife, caiu mais de 95% no primeiro fim de semana após a chegada das manchas.
O garoto se chama Éverton, tem 13 anos e é filho de Ivaneide Maria de Oliveira. Dona de uma barraca há dois anos, ela conta que lucrou apenas R$ 27 no último fim de semana.
"Com essa história do óleo, não deu nada. Normalmente, o lucro seria de R$ 700 ou R$ 900. E foi por causa da queda mesmo. A gente também ganha no peixe e nos crustáceos, e não está podendo comer", diz Ivaneide.
Ela conta que todos os comerciantes da região se uniram aos trabalhos de limpeza e lembra o momento em que encontrou a praia tomada pelo óleo que já atingiu 250 localidades da costa nordestina. "Foi na segunda-feira. A gente foi para abrir e, chegando lá, já estava essa correria. Tinha gente, voluntários e donos de barraca tentando limpar suas áreas. Estavam com a mão na massa", afirma.
Segundo Ivaneide, o próprio filho Éverton, cuja foto em que aparece coberto de óleo virou um símbolo da tragédia no Nordeste, se dispôs a ajudar.
"Chegando lá, ele perguntou: 'Mãe, posso ajudar?'. Eu não queria que ele se melasse todo e ficasse exposto ao óleo, mas sabe como é criança. Aí ele disse: 'Mãe, eu vou ajudar. É por uma boa causa. A senhora trabalha aqui, a gente precisa disso'."
Sobre a foto, Ivaneide comenta que não esperava que a imagem fosse percorrer ao Brasil e que ficou chocada ao vê-la na internet. "Que foto mais feia. Quando eu vi ele daquele jeito, eu dei uma bronca."
O menino, que ajuda a mãe na barraca mantida pela família, afirma que tirou o equipamento de segurança no momento em que foi registrada a imagem. "Estava entrando areia na minha luva e na minha bota. [O saco plástico] me deram lá para ajudar a encher e eu estava sem camisa", pontua.
Questionado sobre se sentiu vergonha ao ver a foto correndo o mundo, Éverton disse que "mais ou menos" e que a foto ficou "muito feia".
Foto: Léo Malafaia/Folha de Pernambuco/Folhapress/
Fonte: UOL