O título de doutor por honoris causa é a maior honraria que uma universidade pode conceder. É a materialização de uma vida de realizações e conquistas. E, no caso de Martinho da Vila, uma existência dedicada à paz, cultura e defesa das causas negras, como conta o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente. Durante a cerimônia, ele destacou o papel fundamental do artista para a criação do ambiente acadêmico. “Construir um projeto e tornar realidade uma Universidade Negra do nosso país. E o Martinho coitado, ele nem sabe quantas vezes ele foi e votou, subiu, desceu, cantou, falou, reuniu as pessoas na casa dele, fora da casa dele. Enfim, foi uma festa. Se, nesta noite, nós tivéssemos que escolher uma palavra extraordinária, grandiosa, para você, Martinho da Vila, seria simplesmente como já disseram aqui: gratidão. Ah, se todos fossem iguais a vocês, nós já teríamos voado”, disse o reitor.
“Sempre me deram a fama de ser muito devagar e, desse jeito, vou driblando os espinhos, vou seguindo o meu caminho. Sei onde vou chegar”. Assim cantou o Martinho José Ferreira em 1995. Esse trecho de uma de suas mais famosas composições poderia ser inspirado na própria história do cantor. Afinal, o músico, compositor e escritor, sabia exatamente onde queria chegar. E devagar, devagarinho, avançou em busca de seus objetivos. Cantando as mulheres de todas as cores, de todos os amores, transcendeu o samba, a música popular, e, hoje, Martinho da Vila é um ícone, um estandarte da cultura brasileira. Na cerimônia, Martinho disse que, mais do que vaidade, o sentimento ao receber o título é de deixar um legado: “Um ambicioso sonho que eu tenho é, quando eu sair desta vida terrena para a eterna, eu ser referência para os jovens da minha origem”. Por meio de palavras e versos, Martinho da Vila consegue emocionar, divertir, rir e chorar. Ele é a essência da brasilidade que nos orgulha. Afinal, se “na minha casa todo mundo é bamba, todo mundo bebe, todo mundo samba” é porque existe Martinho da Vila para levar alegria aos nossos corações.
*Com informações da repórter Camila Yunes