Diretor de “Dahmer: Um Canibal Americano”, Ryan Murphy contou que bateu de frente com a Netflix após a plataforma de streaming tomar uma decisão que ele não concordou envolvendo a série que produziu e passou semanas entre os títulos mais assistidos. O que o incomodou o diretor foi a Netflix tirar a tag LGBTQIA+ do título após algumas pessoas criticarem nas redes sociais o fato da história do serial killer Jeffrey Dahmer ser classificada nessa categoria. “Não acho que todas as histórias gays tenham que ser histórias felizes. Houve um momento na Netflix em que eles removeram a tag LGBTQ de ‘Dahmer’ e eu não gostei. Perguntei por que eles fizeram isso e eles disseram que as pessoas estavam chateadas porque era uma história perturbadora. Eu fiquei tipo: ‘Bem, sim’. Mas era a história de um homem gay e, mais importante, de suas vítimas gays”, contou Murphy ao The New York Times. O diretor ressaltou que a produção também traz representatividade e citou o episódio focado em Tony Hughes, uma das vítimas de Dahmer. “Há uma cena de cinco minutos de três gays surdos em uma pizzaria falando em linguagem de sinais sobre namoro, vida gay e como é difícil para eles. Eu não podia acreditar que estava recebendo o presente de colocá-lo na televisão”, comentou.
O sucesso da série foi tanto que, pouco antes do Halloween, começaram a surgir em sites de vendas online anúncios de fantasias inspiradas no serial killer, que na produção de Murphy é vivido pelo ator Evan Peters. Nos Estados Unidos, o site eBay chegou a banir esse tipo de anúncio. “O mundo é um lugar escuro e está se tornando cada vez mais escuro, e as pessoas estão procurando um lugar para depositar suas ansiedades”, avaliou o diretor. Ele também rebateu as críticas de que a produção explora o drama das famílias das vítimas do canibal. Murphy falou que fez a série para mostrar o racismo e a homofobia que permearam esse caso, pois, para ele, a história de Dahmer é um nítido exemplo de “como é fácil se safar das coisas com os aspectos do privilégio branco”. Vale pontuar que a maioria das vítimas do serial killer eram homens negros e que a polícia foi alertada diversas vezes que algo estranho estava acontecendo no apartamento que Dahmer vivia. Murphy passou três anos e meio pesquisando o caso e disse que entrou em contato com pelo menos 20 amigos e familiares das vítimas tentando obter informações.