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A demissão de Moro simboliza o estopim da "morte" da "Nova política" de Bolsonaro

Por Psicólogo André Souza em 02/05/2020 às 01:13:00

Fonte da imagem - Moro e Bolsonaro: http://caldeiraopolitico.com.br/brasil/a-globo-ja-ve-moro-fora-do-governo-e-como-candidato-de-oposicao-a-bolsonaro-em-2022-diz-site/53704

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Um dos principais pilares da campanha de Jair Bolsonaro foi acabar com a corrupção da esquerda, para construir uma "NOVA POLÍTICA". Mas com a demissão e acusação de Sérgio Moro, a fala anticorrupção do presidente "cai por terra"

Em seu segundo discurso de posse, em 01 de janeiro de 2019, Bolsonaro, além de outras coisas, afirmou que seu governo não faria a "VELHA POLITICA". Segue.

A corrupção, os privilégios e as vantagens precisam acabar. Os favores politizados, partidarizados devem ficar no passado, para que o Governo e a economia sirvam de verdade a toda Nação. Tudo o que propusemos e tudo o que faremos a partir de agora tem um propósito comum e inegociável: os interesses dos brasileiros em primeiro lugar. O brasileiro pode e deve sonhar. Sonhar com uma vida melhor, com melhores condições para usufruir do fruto do seu trabalho pela meritocracia. E ao governo cabe ser honesto e eficiente.

Fonte: https://veja.abril.com.br/politica/leia-a-integra-dos-dois-primeiros-discursos-do-presidente-jair-bolsonaro/

De fato, o PT se corrompeu. Esse foi um dos focos do discurso de Jair Bolsonaro, dos conservadores e da direita. Mas o governo bolsonarista fez o que criticou. Segue os fatos.

1- Fez também o "toma lá, dá cá". Para aprovar a reforma da previdência. Em 06/08/2019, enviou um projeto ao Congresso para garantir recursos para o pagamento de emendas, beneficiando aliados. O valor foi de 3 bilhões de reais.

2- Seu filho, o senador Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público do Rio, que apura fatos de organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato.

Segundo o Intercept, os investigadores dizem que chegaram à conclusão que 86 pessoas são suspeitas de envolvimento no esquema ilícito. Os repasses eram realizados pelo ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega (morto em fevereiro de 2020) e pelo ex-assessor Fabrício Queiroz.

Como funcionava o esquema das rachadinhas, segundo o Intercept?

• Flávio pagava os salários de seus funcionários com a verba do seu gabinete na Alerj.

• A partir daí, Queiroz – apontado no inquérito como articulador do esquema de rachadinhas – confiscava em média 40% dos vencimentos dos servidores e repassava parte do dinheiro ao ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega, apontado como chefe do Escritório do Crime, uma milícia especializada em assassinatos por encomenda.

• A organização criminosa também atua nas cobranças de "taxas de segurança", ágio na venda de botijões de gás, garrafões de água, exploração de sinal clandestino de TV, grilagem de terras e na construção civil em Rio das Pedras e Muzema.

• As duas favelas, onde vivem mais de 80 mil pessoas, ficam em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, e assistiram a um boom de construções de prédios irregulares nos últimos anos. Em abril do ano passado, dois desses prédios ligados a outras milícias desabaram, deixando 24 mortos e dez feridos.

• O lucro com a construção e venda dos prédios seria dividido, também, com Flávio Bolsonaro, segundo as investigações, por ser o financiador do esquema usando dinheiro público.

Fonte: https://theintercept.com/2020/04/25/flavio-bolsonaro-rachadinha-financiou-milicia/

Com o objetivo de dificultar a investigação, a defesa do senador pediu habeas corpus ao STF, em 18/12/2019, para suspender o processo do Ministério Público do Rio sobre a prática de "rachadinha", quando era deputado...

Esse esquema foi realizado pelo filho, não, pelo presidente. Mas se o Jair Bolsonaro quisesse esclarecer os fatos, diferente da "VELHA POLITICA", iria exigir que o filho não impedisse a investigação. "Quem não deve, não teme!"

3- Seu antigo partido, PSL, é envolvido em um esquema. Certos valores do fundo eleitoral eram destinados a candidatas laranjas do PSL. Isso quer dizer o que? Pretendentes a cargos públicos, via eleições, receberiam dinheiro para suas campanhas, mas, segundo as suspeitas do Ministério Público de Minas Gerais, o dinheiro era para outros candidatos - principalmente para Marcelo Álvaro Antônio. Dos R$ 260 mil recebidos por elas, mais de R$ 190 mil teriam ido para outros...

O que fez o Bolsonaro? Negou sua participação, como fez a "VELHA POLITICA". Se quisesse fazer diferente, poderia incentivar as investigações. Por causa disso se desfiliou do PSL.

4- Em período de crise por causa do COVID-19, se aproximou de lideranças do Centrão para oferecer cargos. Conversou com políticos, como o senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), e o deputado federal e presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP). Ainda recebeu no seu gabinete os deputados Arthur Lira (PP-AL), Diego Andrade (PSD-MG), Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) e Wellington Roberto (PL-PB) - que são lideranças dos seus respectivos partidos.

5- O fato que simboliza a "morte" da promessa de Bolsonaro, para construir uma "NOVA POLÍTICA", foi a demissão de Sergio Moro. Este foi tido como o "Juiz da Lava Jato", que ajudou a desvendar casos de corrupção de diversos partidos; prendeu e condenou vários políticos, empresários e outros, como, por exemplo, Lula, ex-presidente do Brasil.

Moro foi convidado pelo presidente a ser ministro da justiça. Aceitou com a condição de ter "Carta Branca" para administrar a justiça brasileira, combater a corrupção e outras coisas.

Mas em 24/04 discursou para a imprensa, anunciando sua demissão. O estopim para isso foi a exoneração não voluntária de Maurício Valeixo, que era diretor da Policia federal, por ordem de Bolsonaro. Falou também que esse ato do presidente foi uma maneira dele para tentar interferir na PF, colocando pessoas de sua confiança. Segue 2 trechos da fala do ex-ministro, em 24/04 (não contínuos).

O problema é que nas conversas com o presidente, e isso ele me disse expressamente, que não é só troca do diretor-geral, haveria também intenção de trocar superintendentes, novamente o superintendente do Rio, outros superintendentes provavelmente viriam em seguida, o da Polícia Federal de Pernambuco, sem que fosse me apresentado uma razão, uma causa para realizar esses tipos de substituições que fossem aceitáveis. Ontem, conversei com o presidente, houve essa insistência do presidente. Falei ao presidente que seria uma interferência política, e ele disse que seria mesmo. Mas o grande problema é que não é tanto essa questão de quem colocar, mas por que trocar? E permitir que seja feita a interferência política no âmbito da Polícia Federal. O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele. Que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência, seja diretor, seja superintendente. E realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação".

"O presidente também me informou que tinha preocupação com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal, em que a troca também seria oportuna da Polícia Federal por esse motivo. Também não é uma razão que justifique a substituição, até algo que gera uma grande preocupação".

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/04/24/interna_politica,848029/confira-na-integra-o-discurso-do-ministro-sergio-moro.shtml

Referente à demissão de Maurício Valeixo, Moro falou (trechos não contínuos)...

"A exoneração que foi publicada, eu fiquei sabendo pelo Diário Oficial, na madrugada. Eu não assinei esse decreto. Em nenhum momento isso foi trazido, em nenhum momento o diretor-geral da Polícia Federal apresentou um pedido formal de exoneração. Depois ele me comunicou que ontem à noite recebeu uma ligação dizendo que ia ser exoneração a pedido e se ele concordava. Ele disse, como é que eu vou concordar com algo, uma coisa, eu vou fazer o que, se ele já está sujeito à exoneração a pedido, à exoneração ex officio. Mas o fato é que não existe nenhum pedido que foi feito de maneira formal. Sinceramente fui surpreendido, achei que isso foi ofensivo. Vi que depois a Secom confirmou que houve essa exoneração a pedido, mas isso de fato não é verdadeiro"

Então, o grande problema não é quem entra, mas porque alguém entra. E se esse alguém, sendo da corporação aceitando substituição do atual diretor-geral, com o impacto que isso vai ter na corporação, não conseguiu dizer não ao presidente, a uma proposta dessa espécie, eu fico na dúvida se vai conseguir dizer não em relação a outros temas.

Mas o grande problema é que não é tanto essa questão de quem colocar. O problema é: por que trocar? E permitir que seja feita a interferência política no âmbito da Polícia Federal. O presidente me disse mais de uma vez expressamente que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência, seja diretor, seja o superintentendente. E realmente não é o papel da Polícia federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm que ser preservadas. Imaginem de durante a própria Lava Jato, o ministro, o diretor-geral, a então presidente Dilma, o ex-presidente Luíz ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre as investigações em andamento. A autonomia da Polícia Federal, como um respeito à autonomia da aplicação da lei, seja a quem for, isso é um valor fundamental que temos que nós temo que preservar dentro de um estado de direito. O presidente me disse isso expressamente, ele pode ou não confirmar essas questões, mas, enfim, é algo que realmente eu não entendi apropriado

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/04/24/interna_politica,848029/confira-na-integra-o-discurso-do-ministro-sergio-moro.shtml

Após à fala de Sérgio Moro, Jair Bolsonaro negou tudo, exceto que ele queria receber relatórios da PF. Para ele isso não é interferência.

No mesmo dia, em 24/04, o Jornal Nacional, Rede Globo, exibiu duas "provas" de Sérgio Moro: uma contra Bolsonaro, e a outra contra a deputada Carla Zambelli do PSL.

Numa mensagem, o presidente enviou ao ex-ministro, o link de uma reportagem do site, O Antagonista, que diz, "PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas". Escreve também, "Mais um motivo para a troca".


Fonte: https://veja.abril.com.br/politica/moro-exibe-troca-de-mensagens-com-bolsonaro-sobre-mudanca-no-comando-da-pf/

Em outra mensagem, a deputada federal Carla Zambelli, aliada do presidente, insinua, se Moro aceitasse a demissão de Valeixo, poderia ser indicado ao STF.

Fonte: https://www.hojemais.com.br/aracatuba/noticia/geral/sergio-moro-apresenta-conversas-que-comprovariam-preocupacao-de-bolsonaro-com-investigacoes

6- Em 27/04/2020, o Datafolha divulgou uma pesquisa onde mostra que a maioria dos entrevistados confia mais em Sérgio Moro do que em Bolsonaro. 52% afirma que o ex-ministro fala a verdade ao acusar o presidente, e 20% falam que o chefe do executivo é quem está certo. 6% não confiam nos dois, e 3%, em ambos. 19% não souberam responder

Sempre foi e é assim: presidente, governador e prefeito necessitam de apoio da maioria do congresso, da assembléia e da câmara de vereadores, respectivamente. Assim, dar cargos, verbas e vantagens são comuns para ter governabilidade. Além disso, existem as propinas e corrupções.

Ao querer interferi na PF (existe uma prova...), se aliar ao "Centrão", liberar verbas para emendas, no sentido de aprovar seus projetos, Bolsonaro fez parecido com os governos criticados por ele. Mas o que simboliza a "morte" do discurso de uma "NOVA POLITICA" é a demissão de Sérgio Moro (bem avaliado em pesquisas e é o "herói"contra a corrupção), seguido de sua acusação contra o maior chefe do governo federal. Inclusive Celso de Mello do STF, em 27/04/2020, autorizou a abertura de um inquérito para investigar as afirmações de Sérgio Moro...

Conclui-se que houve uma "morte" simbólica da "NOVA POLITICA" de Bolsonaro, ao romper com Sérgio Moro (maior símbolo atual contra a corrupção) e ser acusado de tentar inferir na Policia federal e falsidade ideológica, pois o ex-ministro não assinou a demissão de Valeixo.


Fontes consultadas:

Moro sai e acusa Bolsonaro de interferência política e ignorar carta branca

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/04/24/moro-demissao-ministerio-governo-bolsonaro.htm

Ministros do STF enxergam crimes de Bolsonaro na fala de Moro; OAB fará relatório

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2020/04/ministros-do-stf-enxergam-crimes-de-bolsonaro-na-fala-de-moro-oab-fara-relatorio.shtml

Pela governabilidade, Bolsonaro faz velha política e negocia com centrão

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/04/22/interna_politica,846950/pela-governabilidade-bolsonaro-faz-velha-politica-e-negocia-com-centr.shtml

Por Previdência, governo envia projeto que libera R$ 3 bi para pagar emendas

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/por-previdencia-governo-envia-projeto-que-libera-r-3-bi-para-pagamento-de-emendas.shtml

Bolsonaro não contesta troca de mensagens apresentada por Moro

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/04/25/bolsonaro-nao-contesta-troca-de-mensagens-apresentada-por-moro.ghtml

Moro diz que Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/04/24/moro-diz-que-bolsonaro-tentou-interferir-politicamente-na-policia-federal.ghtml

Moro mostra ao JN provas de acusações a Bolsonaro

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/04/24/moro-mostra-ao-jn-provas-de-acusacoes-a-bolsonaro.ghtml

Leia a íntegra dos dois primeiros discursos do presidente Jair Bolsonaro

https://veja.abril.com.br/politica/leia-a-integra-dos-dois-primeiros-discursos-do-presidente-jair-bolsonaro/

Bolsonaro diz a multidão aglomerada que acabou a velha política e a época da "patifaria"

https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2020/04/19/bolsonaro-diz-a-multidao-aglomerada-que-acabou-a-velha-politica-e-a-epoca-da-patifaria.htm

Confira na íntegra o discurso do ministro Sérgio Moro

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/04/24/interna_politica,848029/confira-na-integra-o-discurso-do-ministro-sergio-moro.shtml

EXCLUSIVO: rachadinha de Flávio Bolsonaro financiou prédios ilegais da milícia no Rio, mostra investigação do MP

https://theintercept.com/2020/04/25/flavio-bolsonaro-rachadinha-financiou-milicia/

Flávio Bolsonaro aciona STF para suspender investigação no Rio

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/12/flavio-bolsonaro-aciona-stf-para-suspender-investigacao-no-rio.shtml

4 perguntas para entender a reviravolta no caso das candidatas 'laranjas' do PSL de Bolsonaro...

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2019/10/08/4-perguntas-para-entender-a-reviravolta-no-caso-das-candidatas-laranjas-do-psl-de-bolsonaro.htm

Datafolha: maioria acredita que Moro está dizendo a verdade, não Bolsonaro

https://congressoemfoco.uol.com.br/governo/datafolha-maioria-acredita-que-moro-esta-dizendo-a-verdade-nao-bolsonaro/

Celso de Mello autoriza investigação contra Bolsonaro por falas de Moro

https://exame.abril.com.br/brasil/celso-de-mello-autoriza-investigacao-contra-bolsonaro-por-falas-de-moro/


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Por André Luiz Alves de Souza.

Psicanalista há 10 anos (Atendimento online, 73 99973.6482-Whatsapp).

Professor há 25 anos: Filosofia, Metodologia Cientifica e Matemática.

Lecionou na UNEB (Plataforma Freire), FACISAe FACETE

Licenciado em Filosofia; bacharelado em Filosofia (3 matérias trancadas).

Formação Clinica em Psicanálise.

Pós-graduado em Psicopedagoga.

Licenciatura incompleta em Matemática.

Estudando Psicologia na Faculdade Pitágoras de Teixeira de Freitas.

Críticas, sugestões de temas, títulos e assuntos: [email protected] .